A interação entre Corretores de Seguro e Corretoras de Resseguro

Desde o final do monopólio de Resseguro no Brasil em 2008, diversas mudanças ocorreram não só na maneira das seguradoras subscreverem seus riscos, mas também na forma de condução dos negócios pelo mercado como um todo.

Acreditamos que a primeira mudança e a mais difícil tenha sido a adaptação por parte das Seguradoras aos novos critérios de subscrição, aceitação de riscos e precificação, trazidos pelos resseguradores recém aportados. Até mesmo porque, naquela época, as seguradoras ainda estavam muitas acostumadas ao amparo “quase maternal” do IRB Brasil Resseguros, que detinha o monopólio do setor desde sua criação em 1939.

Cumpre lembrar que, em decorrência desse monopólio, não existia no Brasil a figura jurídica das Corretoras de Resseguros, já que as Seguradoras repassavam todos seus excedentes ao IRB, o qual recorria a brokers internacionais para essa colocação.

Assim, durante essa fase, as Corretoras de Resseguro (salvo em casos específicos) eram consideradas figuras distantes do Corretor de Seguros. Um dos motivos foi que ainda havia uma forte demanda das seguradoras por seus serviços, pois a maioria delas não estava familiarizada às negociações dos seus contratos e precisavam “equipar” suas respectivas áreas de resseguro para tal incumbência.

Não obstante, é importante ressaltar que a interação com o Corretor de Seguros já existia, principalmente em operações conduzidas dentro de empresas de um mesmo grupo societário e, embora convenhamos, ainda encontrando certa resistência devido a questões culturais e muitas vezes políticas dentro desses grupos empresariais.

Porém, com o passar dos anos e com as Seguradoras muito mais adaptadas ao novo contexto, a interação entre Corretoras de Resseguro e Corretores de Seguro passou a ter um cunho muito mais estratégico. Pois de uma maneira geral, até então o Corretor de Seguros brasileiro de médio e/ou pequeno porte pouco sabia a respeito da obtenção de capacidade, retenção, security, prêmio de resseguro, nível de carregamento das Seguradoras e outras variáveis que impactam e sempre impactaram diretamente na sua atividade e, consequentemente, no seu bolso.

Nesse novo modelo, as Corretoras de Resseguro passam a ser um aliado extremamente poderoso. Pois, trabalhando de forma assertiva, poderão não só possibilitar ao Corretor de Seguros ampliar o atendimento às necessidades de seus clientes, além de um maior controle e proteção sobre seu portfólio, mas também maximizar consideravelmente o resultado das suas negociações.

Recentemente, a ABECOR tem procurado fazer uma maior interação com a FENACOR e também o IBRACOR, em um esforço de aproximação entre esses 2 segmentos. Para isso, estivemos presentes em 3 eventos regionais nos últimos 15 meses: em Maio/2018, no Norte-Nordeste em Maceió/AL; em Novembro/ 2018, no 1º.Congresso Norte de Corretores de Seguro, em Belém/PA; e em Maio/2019, no 1º. Congrecor, em Uberlândia/MG. Nessas oportunidades, pudemos discutir com corretores dos mais diversos rincões de nosso País como essa aproximação é importante para ambos os setores, e ouvir dos mesmos as dificuldades que vem encontrando em obter colocações para riscos de importantes clientes de suas respectivas regiões, tanto pelo desconhecimento das operações de resseguro como pela inacessibilidade aos “brokers” de resseguro, já que em grande parte só mantém contato através dos escritórios regionais das Seguradoras e agências dos bancos locais. Ou seja, pouco ou nenhum contato direto com o mercado de resseguros.

É nesse sentido que a ABECOR tem direcionado sua atuação, procurando esclarecer dúvidas, atingir novos players e auxiliado a disseminação do conhecimento das operações de resseguro e do amparo à enorme classe de Corretores de Resseguro no Brasil.

São Paulo, Novembro de 2019

Roberto da Rocha Azevedo, Presidente

Marco Antonio Guerrero, Diretor Comercial e de Assuntos Internacionais